Natureza
morta com louvadeus
Foi o último
hóspede a sentar-se
no topo da
mesa, já depois do martírio.
As asas
magníficas haviam-lhe sido quebradas
por algum
vento. Perdera o rumo
sobre a
película cintilante de água
no riacho
parado. Tal como poisou
junto de
nós, com o belo corpo magro
arquejante,
lembrava, ainda segundo o seu nome,
um santo
mártir. Enquanto meditávamos,
a morte
sobreveio, e a pequena criatura,
que viera
partilhar a nossa mesa,
depois de
ter sido banida das águas
foi banida
da terra. Alguém pegou
no volúvel
alado corpo morto
abandonado
sem nexo na brancura da toalha
- que
maculava -
e o atirou
para qualquer arbusto raro
que o poeta
ainda pôde fotografar.
(Fiama Hasse
Pais Brandão nasceu faz hoje 88 anos)
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