Obsessão
Dentro de
mim canta, intenso,
Um cantar
que não é meu:
Cantar que
ficou suspenso,
Cantar que
já se perdeu.
Onde teria
eu ouvido
Esta voz
cantar assim?
Já lhe perdi
o sentido:
Cantar que
passa perdido,
Que não é
meu estando em mim.
Depois,
sonâmbulo, sonho:
Um sonho
lento, tristonho,
De nuvens a
esfiapar...
E,
novamente, no sonho
Passa de
novo o cantar...
Sobre um
lago, onde em sossego
As águas
olham o céu,
Roça a asa
de um morcego...
E ao longe o
cantar morreu.
Onde teria
eu ouvido
Esta voz
cantar assim?
Já lhe perdi
o sentido...
E este
cenário partido
Volta a
voltar, repetido,
E o cantar
recanta em mim.
(poeta
portuense nascido a 26 de Julho de 1905)
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