As idades da
pedra - I
É do mar que
vêm estas vozes
silabando a
linguagem das marés,
gravando na
areia estranhas grafias
onde, quem
sabe ver, desvenda o rumo
no
sobressalto das ondas.
Este
permanente arfar marinho
desperta a
ressonância de oculto escuro
de obscuros
templos submersos onde o coração,
descompassadamente,
se perturba
na iminência
do segredo revelado.
Cheiros de
primeira pátria,
nesta
urgência de sal em nossos membros,
atrai as
pegadas para a líquida planura
pela saudade
de verde glauco
que estira o
corpo na fronteira do mar.
Reminiscência
da primeira voz,
neste
marulhar à concha dos ouvidos,
desperta
nossa cólera e angústia
de malograda
fuga e de nos vermos,
na babugem
das águas, de olhos vítreos,
adormecidos
peixes sobre a areia.
(poeta
angolano - nascido em Ílhavo - que hoje faz 83 anos)
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