Agora Mesmo
Está gente a
morrer agora mesmo em qualquer lado
Está gente a
morrer e nós também
Está gente a
despedir-se sem saber que para
Sempre
Este som já
passou Este gesto também
Ninguém se
banha duas vezes no mesmo instante
Tu próprio
te despedes de ti próprio
Não és o
mesmo que escreveu o verso atrás
Já estás
diferente neste verso e vais com ele
Os amantes
agarram-se desesperadamente
Eis como se
beijam e mordem e por vezes choram
Mais do que
ninguém eles sabem que estão a despedir-se
A Terra gira
e nós também A Terra morre e nós
Também
Não é
possível parar o turbilhão
Há um
ciclone invisível em cada instante
Os pássaros
voam sobre a própria despedida
As folhas
vão-se e nós
Também
Não é vento
É movimento fluir do tempo amor e morte
Agora mesmo
e para todo o sempre
Amen
(Manuel
Alegre faz hoje 80 anos)
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