Páginas

sábado, maio 14, 2016

A zanga  

A palavra que disse em raiva
pesa menos que uma semente de salsa,
mas por ela passa a estrada
que leva à minha sepultura,
naquele talhão comprado
nas encostas salgadas de Truro
onde os pinheiros dominam a baía.
Estou já meio-morto que chegue,
desviado da minha própria natureza
e da minha força de viver.
Se pudesse chorar, chorava.
Mas sou velho demais para ser
a criança de alguém.
Liebchen,
com quem me vou zangar
senão nos murmúrios do amor,
essa chama áspera e irregular?


(poeta estado-unidense falecido faz hoje 10 anos)

Sem comentários:

Enviar um comentário