Sementes
É claro que
me lembro. Havia dois atalhos
pelo meio do
pinhal, direcções espantosamente
precisas,
animais que não voltei a ver.
Enquanto as
colheitas amadureciam nos campos,
havia
talismãs pendurados nas árvores e mercúrio
para tratar
certas lesões, uma peça vital
do
equipamento. Havia girassóis à volta da casa
e as
palavras imortais dos espantalhos, uma forma
de evitar
que endoidecêssemos. E havia um muro
que era
preciso saltar, a manhã gloriosa
da escalada,
a ciência das grandes migrações.
Mas não vale
a pena entrar em mais detalhes.
Este é o meu
corpo. Esta é a minha mente.
Conhecem-se
desde a infância e cumpriram pena juntos.
Do futuro
nada sei. Apenas que vem aí.
(poeta
vila-realense que faz hoje 50 anos)
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