Obsessão
Os bosques
para mim são como catedrais,
Com órgãos a
ulular, incutindo pavor...
E os nossos
corações, - jazidas sepulcrais,
De profundis também soluçam, n'um
clamor.
Odeio do
oceano as iras e os tumultos,
Que retratam
minh'alma! O riso singular
E o amargo
do infeliz, misto de pranto e insultos,
É um riso
semelhante ao do soturno mar.
Ai! como eu
te amaria, ó Noite, caso tu
Pudesses
alijar a luz que te constéia,
Porque eu
procuro o Nada, o Tenebroso, o Nu!
Que a
própria escuridão é também uma teia,
Onde vejo
fulgir, na luz dos meus olhares.
Os entes que
perdi, - espectros familiares!
(Charles
Baudelaire nasceu a 9 de Abril 1821)
Tradução de
Delfim Guimarães
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