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terça-feira, abril 05, 2016

Desaparecido

Sempre que leio nos jornais:
«De casa de seus pais desapareceu...»
Embora sejam outros os sinais,
Suponho sempre que sou eu.

Eu, verdadeiramente jovem,
Que por caminhos meus e naturais,
Do meu veleiro, que ora os outros movem,
Pudesse ser o próprio arrais.

Eu, que tentasse errado norte;
Vencido, embora, por contrário vento,
Mas desprezasse, consciente e forte,
O porto do arrependimento.

Eu, que pudesse, enfim, ser eu!
- Livre o instinto, em vez de coagido.
«De casa de seus pais desapareceu...»
Eu, o feliz desaparecido!


(Carlos Queirós nasceu a 5 de Abril de 1907)

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