A morte
absoluta
Morrer.
Morrer de
corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem
deixar o triste despojo da carne,
A exangue
máscara de cera,
Cercada de
flores,
Que
apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de
lágrimas
Nascidas
menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem
deixar porventura uma alma errante...
A caminho do
céu?
Mas que céu
pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem
deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança
de uma sombra
Em nenhum
coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma
epiderme.
Morrer tão
completamente
Que um dia
ao lerem o teu nome num papel
Perguntem:
"Quem foi?..."
Morrer mais
completamente ainda,
- Sem deixar
sequer esse nome.
(poeta
pernambucano nascido a 19 de Abril de 1886)
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