Poemas da
Infância - Segundo
Quando foi
que demorei os olhos
sobre os
seios nascendo debaixo das blusas,
das
raparigas que vinham, à tarde, brincar comigo?...
... Como
nasci poeta
devia ter
sido muito antes que as mães se apercebessem disso
e fizessem
mais largas as blusas para as suas meninas.
Quando, não
sei ao certo.
Mas a
história dos peitos, debaixo das blusas,
foi um
grande mistério.
Tão grande
que eu
corria até ao cansaço.
E jogava
pedradas a coisas impossíveis de tocar,
como sejam
os pássaros quando passam voando.
E desafiava,
sem razão
aparente,
rapazes
muito mais velhos e fortes!
E uma vez,
de cima de
um telhado,
joguei uma
pedrada tão certeira
que levou o
chapéu do Senhor Administrador!
Em toda a
vila
se falou logo
num caso de política;
o Senhor
Administrador
mandou vir
da cidade uma pistola,
que
mostrava, nos cafés, a quem a queria ver;
e os do
partido contrário
deixaram
crescer o musgo nos telhados
com medo
daquela raiva de tiros para o céu...
Tal era o
mistério dos seios nascendo debaixo das blusas!
(Manuel da
Fonseca faleceu faz hoje 23 anos
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