Futuro
O que há-de
vir é belo
(Pensamos).
Belo e ardente.
Fosse o
futuro assim!
Pudesse
agora tê-lo!
Agora, – e o
Presente
Deixá-lo
para o fim.
O dia de
amanhã?
Ilusão.
Frioleiras.
Pois bem:
quem o tivera
Já gasto em
cinza vã,
Em vez de, à
sua espera,
Ficar a vida
inteira!
Amanhã: dia
de hoje
Que não
chegou ainda.
Seja! Mas
foge
A vida,
antes que venha!
A sua face é
linda.
Pena que se
detenha.
Há-de vir,
certamente,
Daqui a
muitos anos.
Todavia no
mundo
Só haverá
presente.
Enganos.
Desenganos.
Um silencio
profundo.
Dia tão
indeciso,
Tão cheio de
mistério!
Virá pelo
Outono,
Quando não
for preciso,
Acordar-me
do sono,
Talvez no
cemitério.
(poeta
madeirense nascido a 22 de Março de 1897)
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