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sábado, março 19, 2016

Crepúsculo

O mar âmbar morrediço de mais um dia
que se dilui na dureza inexpugnável da penumbra,
traz o encanto e a magia,
traz um manto feito sombra.

A manhã nova que já se aguarda
nada mais traz na sua farda
que outro dia e outro "amor",
e outro sol e outra dor,
e outra conquista pelo ser maior
que na sua empresa,
mais perde de vista
a Natureza.

Humanidade perdida,
a quem ciclicamente a paz é concedida
no intervalo precendente a cada açoite;
Humanidade arrefecida,
que deste o teu poder aos deuses da vida
e que agora gelas no medo da noite.

Ah! A manhã nova que já se oferece
que nada mais traz, em que nada acontece,
é a nova era de um novo mesmo,
em que outra farsa, em que outro sismo,
em que outro céu, em que outro abismo,
nos envolverá na certeza
que mais perde de vista
a Natureza.

O mar âmbar morrediço de mais um dia
que se dilui na dureza inexpugnável da penumbra,
traz o encanto e a magia,
traz um manto feito sombra...

Rui Diniz 

(poeta almadense que hoje faz 37 anos)

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