Dizeres
íntimos
É tão triste
morrer na minha idade!
E vou ver os
meus olhos, penitentes
Vestidinhos
de roxo, como crentes
Do soturno
convento da Saudade!
E logo vou
olhar (com que ansiedade!...)
As minhas
mãos esguias, languescentes,
De brancos
dedos, uns bebés doentes
Que hão-de
morrer em plena mocidade!
E ser-se
novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a
estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é
luz e graça e riso!
E os meus
vinte e três anos... (Sou tão nova!)
Dizem
baixinho a rir: - “Que linda a vida!...”
Responde a
minha Dor: - “Que linda a cova!”
(Florbela
Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894 e faleceu a 8 de Dezembro de 1930)
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