Quando um
Homem Quiser
Tu que
dormes à noite na calçada do relento
numa cama de
chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens
o Natal da solidão, do sofrimento
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
E tu que
dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de
raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o
Natal da solidão sem um queixume
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
Natal é em
Dezembro
mas em Maio
pode ser
Natal é em
Setembro
é quando um
homem quiser
Natal é
quando nasce
uma vida a
amanhecer
Natal é
sempre o fruto
que há no
ventre da mulher
Tu que
inventas ternura e brinquedos para dar
tu que
inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao
teu filho por não os poderes comprar
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
E tu que vês
na montra a tua fome que eu não sei
fatias de
tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um
sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
Ary dos Santos
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