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quarta-feira, dezembro 16, 2015

Barcos 
"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu" 
Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.

Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.

E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...

E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...


(poetisa cabo-verdiana nascida faz hoje 88 anos)

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