Um Grande
Utensílio de Amor
um grande
utensílio de amor
meia laranja
de alegria
dez
toneladas de suor
um minuto de
geometria
quatro rimas
sem coração
dois
desastres sem novidade
um preto que
vai para o sertão
um branco
que vem à cidade
uma
meia-tinta no sol
cinco dias
de angústia no foro
o cigarro a
descer o paiol
a trepanação
do touro
mil bocas a
ver e a contar
uma altura
de fazer turismo
um
arranha-céus a ripar
meia-quarta
de cristianismo
uma prancha
sem porta sem escada
um grifo nas
linhas da mão
uma Ibéria
muito desgraçada
um Rossio de
solidão
(Mário
Cesariny faleceu faz hoje 9 anos)
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