Páginas

domingo, outubro 11, 2015

 O anjo Heurtebise

Com pés de animal azul celeste,
Chegou o anjo Heurtebise. Estou só
Todo nu sem Eva, sem bigode
Sem mapa.
As abelhas de Salomão
Debandam, porque me é difícil comer o mel
De tomilho amargo, o meu mel dos Andes.
Em baixo, esta manhã o mar copia
Cem vezes o verbo amar. Anjos de algodão
Sujos, indecentes
Mungem na erva os úberes das grandes
Vacas geográficas.


(Jean Cocteau faleceu faz hoje 52 anos) 

Tradução de Herberto Hélder

Sem comentários:

Enviar um comentário