o homem que
já não sou
não me olhes
agora que estou
mais velho e
não correspondo em
nada ao
homem que
amaste,
procura encarar a tristeza
sem me
incluíres, seria demasiado
cruel que me
usasses para a
dor. para ti
quis trazer
as coisas mais belas
e em tudo o
que fiz pus o
cuidado
meticuloso de quem
ama. não me
obrigues a cortar os
pulsos
quando fores num minuto ao
jardim com o
cão
esta noite,
sem notares, sustive a
respiração e
quase morri. não deste
por nada.
julgaste que voltei a
ressonar e
até terás esboçado um
sorriso. e
se eu pudesse morrer
enquanto
sorris, pergunto
deixo para
depois, ou talvez
desista. mas
não pode ser se
tu me
olhares em busca de tudo o que
já não
existe. não pode ser, levo a
faca maior
para debaixo do meu
travesseiro,
juro-te que me
mato se
continuares assim
(valter hugo
mãe faz hoje 44 anos)
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