Não há vagas
O preço do
feijão
não cabe no
poema. O preço
do arroz
não cabe no
poema.
Não cabem no
poema o gás
a luz o
telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O
funcionário público
não cabe no
poema
com seu
salário de fome
sua vida
fechada
em arquivos.
Como não
cabe no poema
o operário
que esmerila
seu dia de aço
e carvão
nas oficinas
escuras
- porque o
poema, senhores,
está
fechado:
“não há
vagas”
Só cabe no
poema
o homem sem
estômago
a mulher de
nuvens
a fruta sem
preço
O poema,
senhores,
não fede
nem cheira
(poeta
maranhense que hoje faz 85 anos)
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