Êxtase
mesmo que
seja imprescindível chorar
guardarei
comigo a marca do sorriso
registrada
no sonho
para que o
choro seja inaudível
mesmo que
seja inaudível o riso
guardarei
comigo o timbre do choro
na internet
da memória
para que a
tristeza seja invisível
mesmo que
seja inevitável ouvir
guardarei
comigo o silêncio das horas
retendo no
imenso de mim
porta-jóia
de intensa saudade
mesmo que
seja inesquecível o teu amor
farei de
conta que nada existe
mas cá
dentro guardarei
palavras
gestos carinhos e desejos
no êxtase da
palavra lembrada
flutuo nas
ondas do som
dimensão
mística me transcende
ouço o
inaudível apesar de tudo
e além de mim
(poetisa
mineira que hoje faz 75 anos)
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