Estou vivo
mas quero viver
Estou vivo
mas quero
viver
Não quero
salvar-me porque não posso salvar-me
porque a
salvação não existe
Perdi o meu
percurso
e tudo o que
herdei de mim próprio
No mundo as
palavras não compensam
a violência
absurda do sofrimento
Na página
elas podem ser a invenção
de um
frémito perante um corpo nu
É na palavra
que se acende a minha vida
mas a minha
vida sobra sempre como uma cauda cinzenta
Por que é o
infortúnio a norma
e não há
resgate para a morte?
O mundo é
estranho mas irrefutável
na sua
contínua sucessão que nos transcende
e passa
sobre nós como se não existíssemos
Teremos
acaso que nos unir e reinventar as nossas vidas
para que os
deuses nasçam do nosso desamparo?
O silêncio
conduz-nos à sua infinita fronteira
mas o ócio
iluminado pode vogar na casa
como se
estivéssemos entre palmeiras e araucárias
Toda a
viagem é um regresso ao ponto de partida
para partir
de novo entre a água e o vento
(António
Ramos Rosa faleceu faz hoje 2 anos)
Gosto de Bruce e, embora sabendo que tinha a minha idade, não sabia a data dele.
ResponderEliminarAntónio Ramos Rosa nunca teve o meu apreço.
Abraços
Tudo se move nas palavras frementes do Ramos Rosa
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