CRISE
Tem um
anti-herói - Macunaíma - levitando no Congresso.
Os
intelectuais estão mudos, perplexos
monologando
sobre a utopia corrompida
relendo
manifestos. Paquidermes ressentidos.
Os políticos
sangram, desencantam
(quem foi
estilingue virou vidraça)
sugam as
entranhas do poder
num inferno
a céu aberto.
Em posições
trocadas, os canalhas
em
espelhismos e disfarces sutis
exorcizam
fantasmas redivivos
- ou seriam
mortos-vivos
canibalizados.
Um batráquio
atônito discursa
para as
colunas surdas
para ouvir o
próprio eco.
Não, não e
não!!! é o bordão
dos
acusados. Ato falho, coerção
enquanto os
jornalistas sádicos
regozijam,
triunfantes
sobre os
escombros.
Os urubus
planam ávidos
sobre a
esplanada desconcertante
e os ratos
roem os alicerces
precários.
Os
banqueiros estão blindados
mas
assustados.
Os militares
cegos, os religiosos surdos
e os juízes
calados.
A população
aturdida
- enquanto a
lama medra -
não entende
mas pressente
a véspera do
nada.
(escritor
maranhense que hoje faz 75 anos)
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