Enigma
No fundo de
tudo quanto pensamos
Há a caverna
do que nós vemos
Sonhos lhe
bóiam na sombra aberta.
Uma árvore
vela-a com rede-ramos
Terá de
ramos luzindo pomos
Pomos-estrelas
na noite deserta.
Por trás das
costas do visto mundo
Por trás de
nós se sonhamos ver,
Fogem de um
onde ladeando estar,
Ramos sem
sede cruzando o fundo
Do
pensamento e caverna ser
Com sonhos
boiando no cavernar.
Quadro -
boiando do fundo da alma,
Com pomos
luzindo na árvore-parte,
Com o
segredo por trás de aquém...
Brilha um
instante na luz sem calma
Como um
relâmpago de ‘standarte,
E em tudo
isto não há ninguém.
(Fernando
Pessoa nasceu faz hoje 127 anos)
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