A
Sofreguidão de um Instante
Tudo
renegarei menos o afecto,
e trago um
ceptro e uma coroa,
o primeiro
de ferro, a segunda de urze,
para ser o
rei efémero
desse amor
único e breve
que se dilui
em partidas
e se
fragmenta em perguntas
iguais às
das amantes
que a
claridade atordoa e converte.
Deixa-me
reinar em ti
o tempo
apenas de um relâmpago
a incendiar
a erva seca dos cumes.
E se tiver
que montar guarda,
que seja em
redor do teu sono,
num êxtase
de lábios sobre a relva,
num delírio
de beijos sobre o ventre,
num assombro
de dedos sob a roupa.
Eu estava
morto e não sabia, sabes,
que há um
tempo dentro deste tempo
para
renascermos com os corais
e sermos
eternos na sofreguidão de um instante.
(José Jorge
Letria faz hoje 65 anos)
Beber o instante até ao fim.
ResponderEliminarUm belo poema.
Um abraço