O mestre
Ele vivia em
si próprio
como um
corvo numa torre sem telhado.
Para me
aproximar eu tinha de escalar
longas e
agrestes muralhas desertas
e não
estremecer, nem erguer o olhar
à procura de
um olhar vigilante
no canto
onde ele tivesse o seu retiro.
Deliberadamente
ele abria
o seu livro
do segredo
uma página
de cada vez
e nada era
arcana, só as velhas regras
que todos
tínhamos inscrito nas lousas.
Cada
carácter estampado no pergaminho, seguro
no seu
volume e medida.
A cada
máxima dado o seu espaço.
Diz a
verdade. Não tenhas medo.
Noções
duradouras, obstinadas,
como
martelos e cunhas de pedreiros
comprovados
pelos rigores do seu uso.
Quais
cumeeiras onde se repouse
no
refrigério de uma nascente.
Como me
senti frágil ao descer
as escadas
sem protecção, contra a muralha,
escutando o
propósito e a empresa
lá em cima,
num golpe de asa.
(poeta
irlandês nascido faz hoje 76 anos – Nobel 1995)
Tradução de
Rui Carvalho Homem
Sem comentários:
Enviar um comentário