Amar como as
plantas
Amar como
amam os mamoeiros
separados de
muros
mas pulsando
raízes, folha e frutos
no silêncio
dos quintais
Amar como as
plantas amam, ignoradas
pelos homens
e os gatos.
Amor de
êxtase, sem ferir
o sono dos
ninhos
e o pudor
dos outros animais.
Amar como os
mamoeiros, angustiados
suando
orvalho no amanhecer.
Fazer
confidência, usando o código
fabuloso da
abelha,
ou enviar
convites para o sonho
no tráfego
noturno das formigas.
Amar como
amam as plantas, fecundar
no voo dos
pássaros
e no vento
cúmplice.
Amara como
os mamoeiros amam
com esse
amor casto e fundo,
amor de
contida violência
com o
silencioso orgasmo
da criação
do mundo
(poeta
mineiro nascido faz hoje 103 anos)
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