Os
indigentes também são gente
nessa folha
onde escrevi a vida que já esqueci
limpo agora
o rosto
quanto tempo
passou já me não lembro
que o meu
país é um país ao deus-dará
sobram-me
dias inquietos
as calçadas
não trazem passos de volta
nada me
acode
que o meu
país já não pertence aos seus herdeiros
vendido pelo
preço duma esmola
que não me
lembro de pedir
ando com os
pés descalços sujos de lama e de pus
e o que
escrevi nessa folha tem o preço
de tudo o
que me roubaram
e te
roubaram
e nos
roubaram
e que
aqueles que roubaram hão-de pagar
não lembro
dias de festa
pouco me
lembro de mim
mas do que
me lembro sei
que está na
hora de lhes apresentar a conta
(escritor
estremocense que hoje faz 62 anos)
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