Começo
Magoei os
pés no chão onde nasci.
Cilícios de
raivosa hostilidade
Abriram
golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude
deixar de ser um dia.
Com lágrimas
de pasmo e de amargura
Paguei à
terra o pão que lhe pedia.
Comprei a
consciência de que sou
Homem de
trocas com a natureza.
Fera sentada
à mesa
Depois de
ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o
suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada
de lírica tristeza,
Carregou.
(Miguel
Torga faleceu faz hoje 20 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário