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sexta-feira, novembro 28, 2014

Tela Íntima

Lá fora, a noite escura... o vento aos ais,
A soluçar e a rir - doido soturno,
É um violinista trágico e nocturno
Wagnerizando a voz dos temporais!

Lá fora, a chuva fria das procelas...
E cá dentro, ao calor da nossa casa,
O nosso coração a arder em brasa
E o silêncio divino das estrelas

Tu embalas ao colo a nossa Filha...
A luz, a arder, que em nossos rostos brilha,
Dá-lhes um tom rosado de manhã...

E com a estranha e misteriosa tinta,
Com que Deus ao Sol-Posto as coisas pinta;
Nós formamos um quadro de Rembrandt!


(José Campos de Figueiredo faleceu em Coimbra em 28 de Novembro de 1965)

1 comentário:

  1. Admiro muito Fernando Lopes-Graça, mas desconhecia completamente este poeta.

    Bom final de semana :)

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