A maior
mágoa
Cá dentro da
minh'alma de mulher,
Alma feita
de sonho e de incerteza,
Sedenta de
afeição e de beleza,
Quantas
coisas sonhei p'ra te dizer!...
Quantas
coisas sonhei p'ra te escrever!...
Jamais
mulher alguma, com certeza,
Cantou com
tanto amor, tanta tristeza,
O bem que
desejou sem nunca o ter!...
Porque a
chaga mais viva, que mais dói,
Não é
saudade do que a vida foi...
Ninguém nos
rouba um doce bem vivido.
A mágoa do
que foi é suportável;
É bem mais
funda a mágoa irreparável
Daquilo que
pudera, enfim ter sido!...
(poetisa
portuense falecida faz hoje 34 anos)
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