Canção de
Agora
Ontem meu
peito chorava.
Hoje, não.
Também cansa
a desventura.
Também o sol
gasta o chão.
Estava ontem
sozinha,
tendo a meu
lado, sombria,
minha
própria companhia.
Hoje, não.
Morreu de
tanto morrer
a pena que
em mim vivia.
Morreu de
tanto esperar.
Eu não.
Relógios do
tempo andaram
marcando o
tempo em meu rosto.
A vida
perdeu seu tempo.
Eu não.
Também cansa
a desventura.
Também o sol
gasta o chão.
(poetisa
gaúcha nascida faz hoje 109 anos)
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