A porta
branca
Por detrás
desta porta,
uma de todas
as portas que para mim se abrem e se fecham,
estou eu ou
o universo que eu penso.
Deste meu
lado, dois olhos que vigiam
os fenómenos
naturais, incluindo a celeste mecânica
e as
sociedades humanas, sedentárias e transumantes.
Mas podem os
olhos fazer a sua enumeração,
e pode o
pensado universo infindamente ir-se,
que para mim
o que hoje importa
é aquela
olhada vaga porta.
Que ela seja
só como a vejo, a porta branca,
com duas
almofadas em recorte,
lançada
devagar sobre o vão do jardim,
onde o gato,
por uma fenda aberta
pela sua
pata, tenta ver-me,
tão alheio a
versos e a universos.
(Fiama Hasse
Pais Brandão nasceu faz hoje 86 anos)
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