Todos os
Punhais
Todos os
punhais que fulgem nos gritos,
Todas as
fomes que doem no pão
Todo o suor
que luz nas estrelas
Todas as
lanças nos dedos da reza,
Todos os
soluços para ressuscitar os filhos mortos,
Todos os
desejos nos alçapões do frio,
Todas as
jóias nos pescoços dos espelhos rachados
Todos os
assassinos que andaram ao colo das mães,
Todos os
atestados de pobreza com lágrimas de carimbo,
Todos os
murmúrios do sol no quarto ao lado à hora da morte…
Tudo, tudo,
tudo
Se condensou
de repente
Numa nuvem
negra de milhões de lágrimas
A
humilharem-me de ternura
- eu que
quero ser alheio, duro, indiferente…
… Enquanto
os outros dançam, cantam, bebem,
vivem, amam,
riem, suam
neste pobre
planeta
magoado das
pedras e dos homens
onde cresceu
por acaso o meu coração no musgo
aberto para
a consciência absurda
deste
remorso sem sentido.
(José Gomes
Ferreira nasceu faz hoje 114 anos)
Gosto da poesia de José Gomes Ferreira, que acho ter visto uma vez na Praça Saldanha à saída do Metro.
ResponderEliminarSeu Jorge era mesmo cantor de rua e este foi o primeiro vídeo que vi dele, onde mais uma vez a caridade cristã da Igreja é mostrada ...
Boa tarde