POEMA CONTRA
A RESIGNAÇÃO
A tinta com
que se escreve a dor de um povo
não existe
na paleta dos dias perfeitos.
É uma tinta
que casa o azul do mar
com a
palidez de cal das tardes sem esperança,
o verde, o
ocre e a cinza com o metal do grito
que a
garganta magoadamente abafa.
E quando os
filhos perguntam “amanhã como será?”,
que ninguém
retome o fio da história
na enseada
de assombros em que tantos sonhos naufragaram.
Condenaram-nos
a responder pelo número que somos,
tornados
estatística de uma raiva adormecida,
cifra negra
que nos resume e derrota. Até quando?
Então e as
viagens heróicas, as naus afundadas,
as sinuosas
rotas de luz, os astrolábios do espanto
e tudo o
mais que se perdeu no esquecimento dos mapas ?
São
perigosos os poetas na hora do incêndio da memória
com o fogo
das palavras que não se rendem nem se vendem.
Agora somos
a conta que ficou por pagar, colectiva e brutal,
a miséria
sussurrada na aflição das noites,
a dormência
dos dedos quando chega a hora
de escrever
coragem na página de todos os temores.
Mas há uma
pátria que se revolta dentro de nós
quando a
música interrompe o sono das casas
e proclama
que tudo é legítimo menos a resignação.
(José Jorge
Letria faz hoje 63 anos)
Só contamos como números e chegaremos ainda á escravatura legalizada se contra a resignação não lutarmos .
ResponderEliminarA que propósito vai o reformado de Boliqueime condecorar António Borges , cão de fila do banco judeu Goldman-Sachs e que, do cimo do seu fabuloso ordenado e à beira da morte , defendia que os salários em Portugal deveriam diminuir?!
Seja feliz, Lino.