Arte Poética
Ah, o
ofício,
as
contorções da espera
entre a
noite e a madrugada!
O litúrgico
olhar abre cortinas,
o anjo
adormeceu,
dança
arbitrária
a minha
barba de duzentos anos.
Quem poderá
restituir-me intacto ao mistério
com o
perfume de rosa não tocada?
Quem senão
tu,
cântaro e
fonte,
abrigo,
terra e
pátria onde se esconde
a negra
cicatriz que o peito ostenta?
Eis porque
espero
(entre a
noite e a madrugada)
para que
salves
ou lances no
infortúnio
o litúrgico
olhar que em nova busca
apodrece sob
um sol de desespero.
(poeta
paraense nascido faz hoje 94 anos)
Arte poética que atravessou séculos.
ResponderEliminarBelo poema.
Abraço