Quissange -
Saudade Negra
Não sei, por
estas noites tropicais,
o que me
encanta...
Se é o luar
que canta
ou a
floresta aos ais.
Não sei, não
sei, aqui neste sertão
de música
dolorosa
qual é a voz
que chora
e chega ao
coração...
Qual o som
que aflora
dos lábios
da noite misteriosa!
Sei apenas,
e isso é que importa,
que a tua
voz, dolente e quase morta,
já mal a
escuto, por andar ausente,
já mal
escuto a tua voz dolente...
Dolente, a
tua voz "luena",
lá do
distante Moxico,
que disponho
e crucifico
nesta
amargura morena...
Que é o
destino selvagem
duma canção
em que tange,
por entre a
floresta virgem
o meu
saudoso "Quissange".
Quissange,
fatalidade
deste meu
triste destino...
Quissange,
negra saudade
do teu olhar
diamantino.
Quissange,
lira gentia,
cantando o
sol e o luar,
e chorando a
nostalgia
do sertão,
por sobre o mar.
Indo mares
fora, mares bravos,
em noite
primaveril
acompanhando
os escravos
que morreram
no Brasil.
Não sei, não
sei,
neste verão
infinito,
a razão de
tanto grito...
- Se és tu, oh
morte, morrei!
Mas deixa a
vida que tange,
exaltando as
amarguras,
e as mais
tristes desventuras
do meu amado
Quissange!
(poeta
constanciense nascido a 22 de Abril de 1900)
Sem comentários:
Enviar um comentário