Salamargo
Salamargo é
o pão de cada dia;
pão de suor,
amargonia.
Amargura por
viver nesta agonia,
salamargando
a tirania.
Salamargo é
o tirano, segundo a segundo
amargo sal
que salga o mundo.
Assassino
das manhãs, carrasco das tardes,
ladrão de
todas as noites
e de seu
mistério profundo;
carcereiro
de seu irmão, a transmudar
a fantasia
em noite de alcatrão.
Amaro é fado
de nascer escravo,
amargonauta
em mar de sal,
nesta
salsa-ardente irreal em que cravo
unha e
dentes, buscando viver
como um
bravo entre decadentes.
Salamargo,
tão amargo quanto
o mais
amargo sal, é comer
o pão de
cada dia sob o tacão
da tirania.
Um pão amargo,
sem sal,
pobre de amor e fantasia.
Salamargo
existir sem poesia.
(poeta
carioca que hoje faz 78 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário