O caldeirão
Aos sessenta
anos-sonhos de tua vida (portas
que se abrem
e fecham
fecham e
abrem
carcomidas)
ferve
a gordura e
as unhas das palavras
seu licor
umbroso, teus remorsos-pêlos
Ferve
e entorna o
caldo, quebra o caldeirão
e enterra
teu faisão
de jade do futuro
teu mavioso
osso do passado
Agora que a
madeira e o fogo de novo se combinam
e o inimigo
nº 1 já não te enxerga
ou vai-se embora
varre a tua
cabana e expõe ao sol tua língua
tua
esperança tíbia
o tigre da Coréia
da parede
É lícito tomar
agora a concubina
E despentear
na cama a lua escura, o ideograma
(poeta
paraense falecido faz hoje 5 anos)
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