As águas
A chuva
regressou pela boca da noite
Da sua
grande caminhada
Qual virgem
prostituída
Lançou-se
desesperada
Nos braços
famintos
Das árvores
ressequidas!
(Nos braços
famintos das árvores
Que eram os
braços famintos dos homens...)
Derramou-se
sobre as chagas da terra
E pingou das
frestas
Do chapéu
roto dos desalmados casebres das ilhas
E escorreu
do dorso descarnado dos montes!
Desceu pela
noite a serenar
A louca, a
vagabunda, a pérfida estrela do céu
Até que ao
olhar brando e calmo da manhã
Num aceno
farto de promessas
Ressurgiu a
terra sarada
Ressumando a
fartura e a vida!
Nos braços
das árvores...
Nos braços
dos homens...
(poeta
cabo-verdiano que hoje faz 79 anos)
Até à última gota...
ResponderEliminarAbraço