O Autógrafo
Calma ao
copiar estes versos
antigos: a
mão já não treme
nem se
inquieta; não é mais a asa
no vôo
interrogante do poema.
A mão já não
devora
tanto papel;
nem se refreia
na letra
miúda e desenhada
com que
canalizar sua explosão.
O tempo do
poema não há mais;
há seu
espaço, esta pedra
indestrutível,
imóvel, mesma:
e ao alcance
da memória
até o
desespero, o tédio.
(João Cabral
de Melo Neto nasceu a 9 de Janeiro de 1920)
O maior Poeta do Brasil.
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