Nunca serei
vencida
Nunca serei
vencida.
Não o serei
senão à
força de vencer.
Cada
armadilha estendida
fechando-me
cada vez mais
no amor
que acabará
por ser o meu
túmulo,
acabarei a
minha vida numa cela
de vitórias.
Sozinha,
a derrota
encontra chaves,
abre portas.
A morte,
para atingir
o fugitivo,
tem de se
pôr em movimento,
perder essa
fixidez
que nos faz
reconhecer
que ela é o
duro contrário
da vida.
Ela dá-nos o
fim do cisne
atingido em
pleno voo,
de Aquiles
agarrado pelos cabelos
por não
sabermos que sombria Razão.
Como a
mulher asfixiada no vestíbulo
da sua casa
de Pompeia,
a morte não
faz mais do que prolongar
no outro
mundo os corredores
da fuga.
A minha
morte será
de pedra.
Conheço as
passagens,
as curvas,
as
armadilhas,
todas as
minas da Fatalidade.
Não posso
perder-me.
A morte,
para me
matar,
terá
necessidade da minha
cumplicidade.
(Marguerite
Yourcenar faleceu faz hoje 26 anos)
Tradução de
Maria da Graça Morais Sarmento
Não há morte nem princípio
ResponderEliminarA escrita eterna de uma grande Senhora.
ResponderEliminarAbraço