Não me
deixes!
Debruçada
nas águas dum regato
A flor dizia
em vão
À corrente,
onde bela se mirava:
"Ai,
não me deixes, não!
"Comigo
fica ou leva-me contigo
"Dos
mares à amplidão;
"Límpido
ou turvo, te amarei constante;
"Mas
não me deixes, não!"
E a corrente
passava; novas águas
Após as
outras vão;
E a flor
sempre a dizer curva na fonte:
"Ai,
não me deixes, não!"
E das águas
que fogem incessantes
À eterna
sucessão
Dizia sempre
a flor, e sempre embalde:
"Ai,
não me deixes, não!"
Por fim
desfalecida e a cor murchada,
Quase a
lamber o chão,
Buscava inda
a corrente por dizer-lhe
Que a não
deixasse, não.
A corrente
impiedosa a flor enleia,
Leva-a do
seu torrão;
A afundar-se
dizia a pobrezinha:
"Não me
deixaste, não!"
(poeta
brasileiro falecido a 3 de Novembro de 1984)
Até na morte a flor tem perfume e beleza.
ResponderEliminarAbraço
Que não expropriem
ResponderEliminaros violinos
aos cegos das esquinas