Requiem
(ao menino
morto, eu próprio)
A tarde
declina com uma luz ténue.
Estou grave
e calmo.
E não
preciso de ninguém
Nem a luz da
tarde me comove: entendo-a.
Até as
imagens me são inúteis porque contemplo tudo.
Os ventos
rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam.
São os mesmos.
Como os
conheço desde a infância!
E a terra
húmida das tapadas da quinta...
O estrume da
égua morta quando eu tinha seis anos
Gira
transparente nesta brisa fria...
(Na noite
gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há
solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma
planície...
E foi engano
julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...
Agora sei
que vives mais
Porque
começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não
vem a vaga tristeza do teu chamamento longínquo
Já me
confundo contigo.
(poeta
lisboeta que hoje faria 80 anos)
A espera serena.
ResponderEliminarAbraço