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sábado, outubro 26, 2013

Infinitude  

Noite negra - teu vulto funeral
nunca me evoca a morte:
evoca a vida imemorial e universal!
Meu coração, na sombra, é a lente-forte,
o espelho de uma equatorial
onde aprofundo
o caos profundo,
a leste, a oeste, ao sul, ao norte!

Noite - mãe da Verdade misteriosa!
Noite - estudo contigo a Vida prodigiosa,
a desdobrar-se luxuriosa em toda a parte,
nublada em Vênus, regulada em Marte,
decadente na Lua ou nascente em Saturno!

Noite - estudo contigo o segredo noturno
de universos maiores, a milhões de milhas,
das ilhas do éter - dessas miríficas ilhas -
maravilhas
de luz, grandeza e sons que não sei conceber!

Noite - estudo contigo e ponho-me a tremer!...

É a mais santa emoção:
é um orgulho (perante o ritmo fundo,
o prodígio perpétuo da criação)
orgulho de - inda sendo átomo vão -
ter sido, ser e sempre ser de um mundo...
no Mundo!!


(poeta brasileiro nascido a 26 de Outubro de 1894)

2 comentários:

  1. "Noite-mãe da verdade misteriosa" é uma imagem bonita e , em parte, verdadeira.

    Um abraço, amigo

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  2. A Infinitude da noite não é o dia, porque ela volta sempre.

    Abraço

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