O Horror de
ser Pobre
Risco c'um
traço
(Um traço
fino, sem azedume)
Todos os que
conheço, eu mesmo incluído.
Para todos
estes não me verão
Nunca mais
Olhar com
azedume.
O horror de
ser pobre!
Muitos
gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as
caras alguns anos depois!
Cheiros de
latrina e papéis de parede podres
Atiravam
abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves
aguadas
Destroem
planos que fazem forte um povo.
Sem água de
banho, solidão e tabaco
Nada há que
exigir.
O desprezo
do público
Arruína o
espinhaço.
O pobre
Nunca está
sozinho. Estão todos sempre
A
espreitar-lhe pra o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da
comida. Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o
seu tecto, e chove-lhe lá pra dentro.
A Terra
enxota-o. O vento
Não o
conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu.
Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada
ajuda
Quem
dinheiro não tem.
(Bertold
Brecht faleceu faz hoje 57 anos)
Tradução de
Paulo Quintela
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