Sobre a mesa
Não sei se
era eu ou eras tu.
Uma mesa
redonda
numa
recordação próxima entre nós.
E no
entanto, coravas, porque não
podias não
corar. Natural,
como tu no
gesto frágil da tua certeza.
A
fragilidade tua de seres mulher
- para mim - no que deixas ver.
Envelheço
uma década no entanto.
Não te perco
de vista porém.
Sigo pela
minha própria preguiça de
te
acompanhar, resvalo noutras cores.
Vivo na
medida da verdade
e envelheço
mais um pouco.
Peço mais
uma cerveja e apercebo-me
do tempo -
Que o tempo vem.
Na medida do
possível.
Coravas na
tua forma de existir.
Sentada sem
nunca perderes de vista
os gestos
que te acompanham.
Mulher
eterna, digo para mim.
E ficamos
até tarde.
Reconheço
que era tua afinal a presença
e que me
resta pagar as despedidas.
Pedir mais
um pouco de mim.
E envelhecer
mais uma década.
Ficar
sozinho.
Arrepender-me,
enfim, de tudo.
Uma mesa
redonda, numa recordação
próxima
entre nós.
Qualquer
coisa inacabada,
uma
linguagem liquida
colorida
durante a noite.
(António
Quadros nasceu faz hoje 90 anos)
Este poema é da autoria do neto de António Quadros que assina António Quadros Ferro (n.1983).
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