Sabedoria
Nos dias em
que nada vale a pena,
E em que as
árvores amigas
São iguais e
estão vistas,
A vida é tão
parada e tão serena
Que afinal
já não há que contar mais,
E prevejo,
com olhos anormais,
As coisas
imprevistas...
Nos dias em
que são cinzentos os meus céus
- O de
dentro e o de fora -
E é vaga
esta noção de um velho Deus,
Que me não
manda embora
Deste
espectáculo estafado
Em que de
cor sei dizer
O que me foi
ensaiado
E o que
todos vão fazer,
Tenho inveja
dos homens convencidos
Que nem
sequer sonharam
Que poderia
haver paraísos perdidos,
Ainda não
decifraram
Esta charada
em que andam envolvidos,
E pensam
que, vivendo, triunfaram
Da Vida em
que os que sonham são vencidos.
(poeta
portuense nascido a 26 de Julho de 1905)
Muito lúcido!
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