Já não será
necessário o pecado,
há um
instante em que a memória é estreita
e os
homens circularão ávidos
procurando a
sua matilha
como se o
rebentar dos dedos em magnólias
não fosse a
indefinida e factícia criação,
a água e a sede num corpo de aurora,
o coração
estilhaçando-se em girassóis acesos,
o poema
mergulhando inteiro
em suas
concêntricas e primígenas alegorias,
porventura
homens
ou vozes
encantadas sob a lua e o sol,
sob a
lágrima avivada do tempo,
o cântico
que anuncia os divinos náufragos de Ítaca
sob o
músculo que se retrai
fervilhem
majestosos
nos
delicados argumentos da morte
em profundos
círculos quebrados de estirpe e haste
entreabertos
ao fôlego circuncidado
do espanto.
E tudo sem
promessas, sem um rosto de verbo
sem pelo
menos o ocluso núcleo do mundo temer
o ruidoso
silêncio da paixão da língua,
a núcega
comédia do mundo
pois o poema
retornará sempre a esse fruto
como,
utópico, ao coração de uma criatura múltipla
no mais
íntimo impudor da casta.
(poeta
coimbrão que hoje faz 48 anos)
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