TAPUIA
As florestas
ergueram braços peludos para esconder-te
A tua carne
triste se desabotoa nos seios
recém-chegados
do fundo das selvas.
Pararam no
teu olhar as noites do Amazonas
mornas e
imensas
E no teu
corpo longo.
ficou
dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.
O mato
acorda no teu sangue
sonhos de
tribos desaparecidas
- filha de
raças anônimas
que se
misturam em grandes adultérios!
E erras sem
rumo assim pelas beiras do rio
que os teus
antepassados te deixaram de herança
O vento
desarruma os teus cabelos soltos
e modela o
vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o
rio te chama.
Chamam-te
vozes do fundo do mato.
Então
entregas à água
demoradamente
como uma
flor selvagem
ante a
curiosidade das estrelas.
(poeta
brasileiro falecido faz hoje 29 anos)
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