Os Pequenos
Varredores
Pela escura
avenida arborizada,
ninguém. Lá
para cima,
escuta-se um
rumor que se aproxima,
nuvens
rolando pelo chão, mais nada...
Depois,
enche-se a noite de pavores,
há risos,
pragas, uivos;
dançam, ao
longe, contra o vento, ruivos
de poeira,
pequeninos varredores.
De ombros
estreitos e de faces cavas,
lutam com
seus destinos,
nas horas em
que todos os meninos
dormem e
sonham com princesas flavas.
Há, entre
eles, alguns que são precoces,
fumam e
bebem. Vários,
transitam
para a noite dos ossários,
têm o pulmão
comido pelas tosses.
Arrastando o
esqualor destas sarjetas,
dirão, olhos
em brasa,
que é melhor
acabar na Santa Casa
do que viver
assim, como grilhetas.
E lá se vão.
A nuvem se adelgaça;
um senhor,
na alameda
sem luz,
toma do lenço, que é de seda,
tapa o
nariz, inclina a fronte, e passa...
(escritor paulista
nascido a 29 de Junho de 1890)
Quando é que as sociedades "varrem" para sempre esta ignomínia?
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